terça-feira, 28 de julho de 2009

REFLEXÕES-FILME NASCIDO EM BORDÉIS

FILME - NASCIDO EM BORDÉIS Um filme emocionante...cenas de extrema sensibilidade..olhares compostos de detalhes, de “enquadramentos” com muita poesia,embora tratando-se de um tema tão doloroso... A artista propõe para as crianças .descobertas individuais de locais e objetos,pessoas e ações que possam mobilizá-los.Sem ousar “desmontar” a linguagem do filme,penso que a proposta da fotógrafa seria desenvolver a sensibilidade,o ato de criação daquelas crianças,oportunizar olhares particulares,talvez facilitar a compreensão deste mundo.Observa-se que durante a avaliação, a seleção das fotos, são determinantes as perguntas.Questões que problematizam,que possam estabelecer relações com as imagens e seus contextos...”engraçado para mim ,talvez porque eu seja ocidental...,eu não gosto porque é só uma cabeça...”” é difícil olhar, mas é necessário porque é verdade...” Esta investigação dos percursos de modo socializado,talvez tenha gerado algumas reflexões tanto da professora como das crianças.Imagino que a artista tenha pensado estas estratégias para exploração das fotografias,as suas representações culturais de gêneros principalmente.As manifestações implícitas nestes olhares infantis são determinantes para a tomada de consciência de sua cultura e do “envolvimento” das partes.Em algumas situações as crianças associavam as fotografias boas,como imagens de cenas boas,sem a pretensão da fotografia como linguagem da arte...”esta é uma boa foto porque dá uma idéia de como estas pessoas vivem, embora dê uma sensação de tristeza.Neste momento já construindo olhares de realidades e emoções,é boa pelo realismo embora expresse um sentimento ruim e nem por isto torna-se uma foto ruim. E o belo e o feio?Somos portadores de memórias sociais diversificadas com direito a falar e a representar a si próprios nas buscas das aprendizagens como Fernando Hernandez nos lembra em seu livro Catadores da Cultura Visual,Ed Mediação,2007,então esta dicotomia está longe de ser pontual.As referências são individuais e o que se instala na apreciação(leitura),também.Somos cada um universo único e formamos um olhar adulterado inicial,de memórias, de outros olhares e significações individuais e culturais sucessivamente. Ensinar e aprender...”ela ensina tão bem que tudo entra na minha cabeça”...,este depoimento de uma criança...e uma mãe,”se ele não estudar como vai se desenvolver, se tornar respeitável?”São importantes reflexões,num primeiro momento sugere a idéia da escola tradicional que via o aluno como vazio e passível de ser cheio de conhecimentos transmitidos pelo professor obviamente.Com o relato da mãe entende-se a escola como meio de ascensão social previsível e único,um cidadão respeitável seria um cidadão da escola do conhecimento formal.Concepções possíveis ainda? A professora ensina bem,porque há uma mudança de comportamento,porque há extremo prazer,porque há emoção,porque há significado no conhecimento,tem a ver com o contexto das crianças...o currículo é a vida delas e sua cultura.O olhar através dos seus próprios olhos...sonho de nossas aulas, de nossas escolas e possibilidade da arte muito mais que outras áreas do conhecimento..O “olhar tecendo ligações possíveis.mas acima de tudo,..é comovido pela cultura”,de Merleau Ponty,e seus estudos de fenomenologia. Neusa Loreni Vinhas

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