sábado, 25 de junho de 2011

Neo concretismo no Brasil

Manifesto Neo Concreto... Moro no Rio de Janeiro nos idos de 1959, e li, o Manifesto Neoconcreto publicado no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, publicação que serve de abertura para a 1ª Exposição de Arte Neoconcreta no Museu de Arte Moderna/RJ. Somos 40 milhões de brasileiros, governados por Juscelino Kubstchek , época de muito desenvolvimento industrial e modernização, a chegada da televisão, a inauguração de Brasília (21 de abril de 1960). Visito a exposição. Fico extasiada É preciso que meus alunos do 2º grau possam perceber também este evento como marca histórica para arte brasileira. Como farei: 1-Uma contextualização em sala de aula anterior a visita, para que as obras possam dialogar de forma significativa com os alunos. Um texto será distribuído para leitura coletiva para que possamos instigar a curiosidade e escutar o repertório que já temos construído com este grupo. A contextualização será acompanhada do maior número de imagens que conseguirmos das obras de artistas citados aqui, desde Max Bill, Di Cavalcanti e os artistas abstratos citados. .2-Uma leitura será proposta, com um contexto histórico vigente e como estas obras nos interessam para compreensão do movimento artístico que estamos vivendo. Os conceitos que deverão estar em nossos estudos neste momento são: abstração, arte concreta e neo concreta. O momento que vivemos de pós-segunda guerra mundial, nos coloca num período de otimismo da euforia de que voltamos a paz.O nosso país passa por um momento de grandes promessas, o “milagre econômico”.A nossa agricultura,floresce,cresce a indústria siderúrgica,encontramos petróleo em nosso solo.A arte abstrata coloca estas realidades de nosso país, uma nova visualidade para um novo pais.Estão sendo criados novos museus e instituições que estão dando fomento à arte.Em 1951 é inaugurada a 1ª Bienal de São Paulo.A cultura brasileira acompanhava o ritmo das mudanças.Novas idéias surgiam nos diferentes domínios da arte, com a Bossa Nova,O Cinema Novo, O teatro de Arena, as vanguardas concretas na poesia e nas artes plásticas, os festivais de músicas transmitidos pela televisão. 3-Um exercício de recorte com uma fita colada (fita de Moebius), cada aluno receberá uma fita colada com a proposta de recorte para a direção que quiserem 4- Reflexões pertinentes aos recortes de cada aluno. Exposição de suas “obras” recortadas. 5-Em seguida apresentaremos numa impressão a obra: Unidade Tripartida de Max Bill, 1948 -1949 de aço inox Unidade Tripartida, Max Bill, 1948 -1949 A vinda de Max Bill, suíço, ao país com sua escultura, uma arte abstrata que simboliza uma fita contínua em que todos os pontos se unem, torna-se um símbolo da evolução da arte abstrata e da importância para os brasileiros de uma experimentação nesse campo de artes. O artista buscava substituir o “caos pelo cosmos” criando uma arte pura, organizada e sintética. 6-Organizarei provocações numa tempestade de idéias para um levantamento prévio sobre que arte estamos fazendo no Brasil? O que a obra de Max Bill propõe? O que este “movimento” estaria buscando? Novamente faremos uma breve contextualização para podermos desenvolver a compreensão do neo concretismo, e visitarmos a exposição. Aqui no Brasil a integração da arte abstrata cria uma nova proposta de arte e repensa o valor social da obra influenciada pelo figurativismo. Os concretistas vêem a chance de romper com as idéias que estão vigorando aqui no Brasil, e estão chamando de “nacionalismo figurativista que propõe uma idéia ao exterior como algo tropical,exótico e regionalista.Estamos com os concretistas rejeitando a abstração e a expressão lírica e religiosa. Um dos assuntos atualmente, portanto é “a briga” entre os figurativos e os abstratos. Sabemos que neste primeiros anos da década de 50,criou-se no Brasil um movimento em favor dos projetos abstrato construtivos.Também na 3ª Bienal, em 1955, artistas brasileiros que eram ligados diretamente à arte concreta como Lygia Clark,Lygia Pape,Luiz Sacilotto, Maurício Nogueira Lima,Geraldo de Barros.Waldemar Cordeiro,Fiaminghi,Flexor e Judith Laund estão presentes. Alguns críticos falam sobre a busca de uma identidade brasileira, através de cores e temáticas, como buscava o modernismo antropofágico. O movimento abstrato está enfraquecendo e cresce muito.Estes movimento concreto e neo concreto torna-se uma referência artística no nosso país.Embora muitos artistas e outros críticos acham que neste tempo de pós guerra não há espaço para uma arte que fuja da realidade, que rejeita a simbologia do real e a figuração, e combatem as propostas abstracionistas, pois acreditam que somente uns poucos intelectuais entendem esta arte.Um artista que está contra é Di Cavalcanti que afirma: "... O que acho, porém vital é fugir do Abstracionismo. A obra de arte dos abstracionistas do tipo Kandinsky, Klee, Mondrian, Calder é uma especialização estéril. Esses artistas constroem um mundozinho ampliado, perdido em cada fragmento das coisas reais: são visões monstruosas de resíduos de resíduos amebianos ou atômicos, revelados por microscópios de cérebros doentios...” 7 - Onde os artistas ditos concretistas buscavam suas inspirações para este movimento brasileiro?Leitura de algumas imagens. O que estas obras possuem em comum?Ou diferentes? Artistas do exterior como Kandinsky, Mondrian, Paul Klee, Malevitch, Talin e Wols, são inspirações para artistas brasileiros concretistas. Piet Mondrian, 1920-Composição Kandinsky, 1911-Composição Paul Klee, Rose Garden, 1920 ,Malevicth ,Suprematismo, 1915 8-Retornando aos conceitos: concretismo.O que os caracteriza?O que buscam? O concretismo na arte é a promessa da construção do novo.Uma arte democrática é pregada.Deve ser uma arte com simplicidade e objetividade.Prega uma linguagem universal, livre de contextos específicos e livre de um excesso de subjetividade e emoção.São artistas construtivos e se dividem em concretos e neo concretos mais tarde. 9-Ainda em debate orientado na sala de aula com textos e imagens, o que buscam os artistas neo concretos? Buscam também uma arte que substitui a noção de expressão emocional pela noção de pensamento. De construção mental. Defendem a liberdade de experimentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade. Querem a recuperação das possibilidades criadoras do artista, não mais considerado um inventor de protótipos industriais.Também propõe a incorporação efetiva do observador, que ao tocar, manipular as obras torna-se parte delas.Os neo concretistas defendem na obra de arte sua “aura”.Este movimento neo concretismo surge em reação ao concretismo, criticando a “perigosa exacerbação racionalista na arte concreta, buscavam um retorno ao humanismo.Havia necessidade de exprimir a complexa realidade do homem moderno dentro da linguagem estrutural da nova plástica, negando as atitudes cientificistas e positivistas em arte, colocando a importância de expressão. “Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como um quase-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica.” 10-Neste cenário dois grupos de engajamento surgem: Ruptura e Frente.O que define estes precursores?Com material impresso, farei na sala de aula grupos de estudo.Um grupo Ruptura e outro Frente.Gostaria que chegássemos a resultados mínimos como coloco abaixo: Em 1952, surge o grupo Ruptura liderados por Waldemar Cordeiro, integrado por LotharCharoux, Geraldo de Barros, Anatol Wladslaw,Féjer, Leopoldo Haar e Sacilotto.Reuniam-se para discutir os ensinamentos dos mestres como Kandinsky e Mondrian.Este grupo propõe o rompimento com a figuração e o naturalismo , considerando-as “arte antiga para uma realidade antiga”.Uma frase que encerra um manifesto do grupo Ruptura é: Arte moderna não é ignorância; nós somos contra a ignorância”. Em 1954, dois anos depois surge o grupo no Rio de Janeiro, Frente, mais livre de regras e formados por Ivan Serpa, Lygia Clark, Lygia Pape. Franz Weissmann, Décio Vieira e Abraham Palatinik, além de César Oiticica,Elsa Martins da Silveira,Emil Baruch e Rubem Ludof.O Frente criticava o excesso do racionalismo teórico dos paulistas e considerava ainda que abstração geométrica pudesse ter “corpo e alma”.Um fenômeno muito importante do neo concretismo foi à adesão de escritores, autores da nova poesia neo concreta, como Décio Pignatari,Haroldo Campos e o crítico Ferreira Gullar que escreve o manifesto Neo concreto publicado no Jornal do Brasil, em 22 de março 1959. 11-As imagens que conseguirmos dos grupos Ruptura e Frentes serão levadas para sala de aula, para importantes leituras dos alunos.Todas as considerações deverão ser anotadas e consideradas relevantes. 12-Do que trata o manifesto neo concreto? Quais seus principais apelos?Através da leitura do suplemento dominical do jornal do Brasil que conseguimos muitas edições, faremos uma leitura dinâmica onde cada grupo ou aluno levantará as questões que julgar pertinente, diante de nosso estudo até então.Estes dois fragmentos não poderão faltar nas seleções. Este manifesto neo concreto marcou um momento de crítica e tomada de posição contra o ideal mecanicista de arte concreta e uma reação à arte figurativa de linguagem geométrica.No manifesto os artistas dadaístas e surrealistas são duramente criticados e suas ideologias desprezadas, retornando a proposta de arte como expressão e instrumento de construção social e cultural.Alguns fragmentos: A expressão neoconcreto é uma tomada de posição em face da arte não-figurativa “geométrica” (neoplasticismo, construtivismo, suprematismo, Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista. Trabalhando no campo da pintura, escultura, gravura e literatura, os artistas que participam desta I Exposição Neoconcreta encontraram-se, por força de suas experiências, na contingência de rever as posições teóricas adotadas até aqui em face da arte concreta, uma vez que nenhuma delas “compreende” satisfatoriamente as possibilidades expressivas abertas por estas experiências... Não concebemos a obra de arte nem como “máquina” nem como “objeto”, mas como um quasi-corpus, isto é, um ser cuja realidade não se esgota nas relações exteriores de seus elementos; um ser que, decomponível em partes pela análise, só se dá plenamente à abordagem direta, fenomenológica. Acreditamos que a obra de arte supera o mecanismo material sobre o qual repousa, não por alguma virtude extraterrena: supera-o por transcender essas relações mecânicas (que a Gestalt objetiva) e por criar para si uma significação tácita (M. Pority) que emerge nela pela primeira vez. Se tivéssemos que buscar um símile para a obra de arte, não o poderíamos encontrar, portanto, nem na máquina nem no objeto tomados objetivamente, mas, como S. Lanoer e W. Wleidlé, nos organismos vivos. Essa comparação, entretanto, ainda não bastaria para expressar a realidade específica do, organismo estético. 13-Agora estamos prontos para visitar a a1ª Exposição de Arte Neo concreta no Museu de Arte Moderna/RJ. A visita será acompanhada da professora que usará a observação e escuta atenta a fala e leitura dos alunos.Provocações possíveis com as obras poderão instalar-se durante o percurso.As obras expostas serão vistas com um olhar mais atento para as questões elaboradas anteriormente em nosso estudo.Algumas obras: Lygia Clark-Série Casulos-Plano em Superfície5 1959 , Mauricio Nogueira Lima, 1953, Objeto Rítmico nº 1 Lygia Pape,Sem Título, 1959,Série Tecelares Hélio Oiticica,Meta esquemas,1957 Lygia Pape, Tecelares,1957 Lygia Clark,Plano em Superfície Modulada nº 2, 1956 Ivan Serpa,Faixas Ritmadas,1953 Ivan Serpa, Construção nº 87, 1956 Franz Weissmann, Tres pontos, 1957 Franz Weissmann,Escultura Linear,1954 Franz Weissmann,Composição com semi círculos,1953 14-Depois da visita faremos um seminário para análises das obras, observações e retorno às pesquisas.Uma nova leitura do manifesto neo concreto terá objetivo de “comprovar” a proposta deste artistas.Observações sobre as poéticas pessoais dos artistas e das buscas do movimento neo concreto, como importante marco para arte brasileira. . Referências: http://artelatina2009.blogspot.com/2009/08/universos-particulares-e-mitos-1.html-acesso em 19/06/2011 http://www.webartigos.com/articles/14754/1/A-Arte-Concreta-no-Brasil/pagina1.html#ixzz1PfAzh2sp – acesso em 19/06/2011 http://almanaquedec50.blogspot.com/ - acesso em 20/06/2011 http://www.webartigos.com/articles/14754/1/A-Arte-Concreta-no-Brasil/pagina1.html#ixzz1Pf9mdC7Q-acesso em 20/06/2011 http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3777-acesso em 19/06/2011 MALEVITCH, K. "Introdução à teoria do elemento adicional na pintura" in H. B. Chipp, Teorias da Arte Moderna, São Paulo, Martins Fontes, 1988, tradução de Waltensir Dutra . CANTON,Katia.Retrato da Arte Moderna, Uma História no Brasil e no Mundo Ocidental.São Paulo, Martins Fontes, 2002.

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