quinta-feira, 26 de julho de 2012

Continuamos -Hélio Oiticica...


Hélio Oiticica com Bólide Cara de Cavalo


Das pinturas em guache sobre cartão, saturadas de cor e sem perspectivas, rompeu com o conceito tradicional de quadro e elaborou os "Monocromáticos" ou "Invenções" (1958-1959).
Metaesquema (dois Brancos) 1958. Guache sobre cartão

                            Metaesquema n° 4066, 1958 -Guache sobre cartão    


                         Cada vez mais desejoso de integrar a arte à experiência cotidiana, passou a propor a participação do espectador pela vivência visual, em obras como os "Bilaterais" e os "Relevos Espaciais" (1959): placas de madeira pintadas e suspensas por fios presos no teto. e os "Núcleos" (1960-1963): placas de madeira pintadas em sua dupla face e penduradas no teto por um suporte de madeira.

NC1 - Pequeno núcleo nº 1, 1960
Resina sintética sobre madeira, 1,21 m2


Grande núcleo (NC3, NC4 e Nc6 - 1960-66



Penetrável, PN1, 1960
óleo sobre madeira

Penetrável Filtro [Filter Penetrable], 1972


Certa vez, Oiticica escreveu: "A obra nasce de apenas um toque na matéria. Quero que a matéria de que é feita minha obra permaneça tal como é; o que a transforma em expressão é nada mais que um sopro: um sopro interior, de plenitude cósmica. Fora disso não há obra. Basta um toque, nada mais".


De 1963 até o final da década de 60, no Rio, realizou uma série de eventos ambientais e de participação coletiva (Parangolé, 1965)

(Tropicália, 1967; Apocalipopótese, 1968).


Sala de Sinuca, 1966
Apropriação: Mesa de Bilhar, d'après O Café Noturno de Van Gogh, 1966
Rio de Janeiro

De 1970 em diante, realizou, em Nova York, projetos utilizando as mais variadas linguagens (textos, performances, filmes etc). De volta ao Brasil em 1978, realizou as manifestações ambientais “Nas Quebradas e Rijanviera”, e o evento coletivo “Kleemania”.

                      Penetrável PN28 “Nas quebradas”, 1979 telhas,sarrafos,cimento
                                            Penetrável PN27 “Rijanviera”, 1979
                    Alumínio, tela de arame, plástico, tela de náilon, areia, pedras e água, 13m2

Caju, Rio de Janeiro, 1979
“Contra-Bólide: devolver a terra á Terra “Kleemania”
Penetrável Magic Square, de Hélio Oiticica: invenção da cor.
Em Inhotim deslumbrada... 2011



0iticica foi um artista de vanguarda, radical na busca da experiência-limite, desenvolveu uma linguagem muito pessoal em sua obra de caráter tanto construtivo quanto desconstrutor.
Sua inventividade não se dava apenas no campo das artes plásticas. E de Hélio, por exemplo, a criação do termo “tropicália”, título de uma obra sua, exposta em 1967. Essa palavra foi adotada tempos depois por Caetano Veloso na canção - manifesto do movimento musical com mesmo nome.
Hélio também participou da literatura concreta dos anos 50. Foi na casa do pai de Hélio que Ferreira Gullar fez o “Poema Enterrado”— uma caixa d’água enterrada no quintal. Dentro dela encontravam-se vários cubos coloridos e embaixo de tudo a palavra “rejuvenesça”. Segundo Gullar, esse foi “o único poema com endereço da literatura brasileira”.



Para o crítico e escritor Bernardo Carvalho, “uma das principais questões da arte de Helio Oiticica (...) é justamente a confusão entre vida e obra, colocando a arte fora da definição corrente de arte, onde ela é menos esperada, fora da legitimização oficial, para que possa voltar a ser arte de verdade. Daí as comparações entre o artista e o poeta, ator e dramaturgo francês Antonin Artaud. Desde seus ‘penetráveis’ (ambientes concebidos para que o espectador vivesse uma experiência ao penetrá-los), nos anos 60, até os ‘parangolés’ (arte para ser vestida e não mais simplesmente observada), tudo em Helio Oiticica girava dentro da perspectiva de transformar a vida em arte, cada milímetro de vida, o que explica a metamorfose da experiência cotidiana do artista em obra, através das instruções e anotações obsessivas que deixou.”
À época em que residiu em Nova York, no início dos anos 1970, Hélio Oiticica trabalhou em parceria com o cineasta Neville D’Almeida na criação de instalações pioneiras chamadas de “quasi-cinemas”. Estas obras transformam projeções de slides em instalações ambientais que submetem o espectador a experiências multisensoriais. Os quasi-cinemas representam o ápice do esforço que Oiticica empreendeu ao longo de sua carreira para trazer o espectador para o centro de sua arte e para criar algo que é tanto um evento ou processo quanto um objeto ou produto — um desafio da tradicionalmente passiva relação entre obra e público. Oiticica e D’Almeida criaram cinco quasicinemas que chamaram Blocos-Experiências em Cosmococa. Essas instalações consistem em projeções de slides com trilhas musicais específicas e usam fotos de cocaína — desenhos feitos sobre livros e capas de discos de Jimi Hendrix, John Cage, Marilyn Monroe e Yoko Ono, entre outros. O uso da cocaína, que Oiticica, discute longa e teoricamente em seus textos, aparece tanto como simbolo de resistência ao imperialismo americano quanto referência à contracultura

                                                    Cosmococa #5, Hendrix War, 1973.

Cosmococa - Inhotim

Em Inhotim -Cosmococas-2011
Em 1996, a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro funda o Centro de Artes Hélio Oiticica, para abrigar todo o acervo do artista e colocá-lo à disposição do público. Em 2009 um incêndio na residência de César Oiticica, destrói parte do acervo de Hélio Oiticica.

Referências: (deste e do outro post)
www.netsaber.com.br – acesso 2m 20/06/2012
 As principais diferenças que você entendeu entre Cenografia e Instalação
Nosso entendimento sobre as diferenças de cenografia e instalação ainda estão em constante processo. Nossos estudos e pesquisas são passíveis de des construção. Algumas idéias ou conceitos “pacíficos”’ acomodados num contexto de entendimento  apresentam-se  agora como perguntas... Penso que a isto chamamos de aprendizagens.
Percebemos a instalação e a cenografia cruzando-se, quando o espaço torna-se o elemento fundamental para os dois. Se buscarmos um pouco da história da cenografia teremos muitas mudanças desde a Grécia onde a intenção era da cenografia enfeitar, de adornar as apresentações teatrais. Mais tarde no Renascimento na forma de pintura, como fundo utilizando-se da perspectiva e ainda como parte decorativa.No Barroco a idéia do ilusionismo coloca a cenografia num plano diferente Com esta idéia moderna , de  apropriação do espaço a cenografia muda  a função de elementos passivo  de antes para agora mediar o observador , de fazer parte do processo de “intenção” das cenas.Esta característica é   determinante para nossos conceitos similares entre instalação e cenografia.A cenografia , neste contexto, participa da produção de sentido com os demais elementos como figurinos e diálogos.Penso que a cenografia inserida num contexto de multimídias pode fazer uso da linguagem da instalação.
Instalação é um trabalho híbrido, onde o artista pode construir rupturas com muitos sistemas tradicionais da arte e da própria obra. O contexto, o local , o ambiente fechado ou o espaço onde é construída a instalação pode fazer parte do conceito, da intenção do artista.A mesma instalação pode ser re construída num outro espaço de , outra maneira  com a mesma intenção da primeira obra.O artista determina a disposição dos materiais, a obra é integrada a uma local, e este conjunto estabelece relação com o observador,contribui para a leitura da obra através de seus próprios códigos.Materiais ou objetos que fizeram parte da instalação, tirados dali, ou isolados perderão o significado.Uma das possibilidades da instalação é provocar sensações: frio, calor, odores, som ou coisas que simplesmente chamem a atenção do público .
A cenografia percebida como texto mediador é uma parte da significação. A encenação   necessita de outros elementos como as ações humanas, dos figurinos, das falas  e da iluminação.
Retorno as questões iniciais quando nos vemos imersos nestes conceitos. Não consigo e volto também à visita em Imhotim , o centro de arte contemporânea e  nos encantamos com Hélio Oiticica, “Invenção da Cor – Penetrável Magic Square, S de Luxe, 1977”, poderíamos estar num estudo cenográfico, luz sombra, cor e encantamento dialogando conosco.A organização do espaço, a luz, as cores, a disposição das paredes, os materiais, as diversas texturas, enfim o espaço redimensionado.Uma bela “cena”.



Nenhum comentário:

Postar um comentário