Adultos e crianças possuem, às
vezes, painéis nos quartos ou salas, em que pregam pedaços de papel: cartas,
instantâneos fotográficos, reproduções de pinturas, recortes de jornal,
desenhos originais, cartões-postais. Em cada painel, todas as imagens pertencem
a uma mesma linguagem e todas têm ali mais ou menos o mesmo grau de igualdade,
por terem sido escolhidas de uma maneira extremamente pessoal, a fim de
combinar com a experiência vivida pelo habitante do quarto, ou expressá-la. Pela lógica, esses painéis deveriam
substituir museus" (BERGER, 1999, p.32).
Para pensarmos a relação
proposta nesta pergunta devemos buscar a compreensão do cenário imagético que
fazemos parte em nosso cotidiano. Nosso mundo é permeado de imagens
constantemente das mais diversas formas.Uma dinâmica que a mídia contemporânea
nos coloca incessantemente.A fotografia,a televisão e cinema além das
facilidades de reproduções de imagens.Este processo em muitas situações torna
as imagens efêmeras que podem perder o significado.Uma nova conduta nos
aproxima das imagens da arte e do mundo midiático através das reproduções e do
livre acesso virtual.Sistema que nos oportuniza uma acesso inédito às imagens
que nos interessam.Esta disponibilidade ajuda e perturba.Dá acesso ou torna
banal.
Nos painéis, adultos e crianças selecionam afetos. A relação de
importância é construída de forma pessoal e esta coleção torna-se particular
.As imagens e objetos que compõe este conjunto são representativas não só de
gostos, ou desejos, mas compostos por uma visão de mundo de cada um.Berger nos
diz que :”Somos aquilo que olhamos.Olhar é um ato de escolha”.Para este
“habitante” a sua coleção representa além do que está exposto, expõe o seu
olhar “interno” sua construção de mundo.
Buscando uma compreensão da palavra museu
encontramos:“Os museus tiveram origem no hábito humano do
colecionismo,
que nasceu junto com a própria humanidade. Desde a Antiguidade
remota o homem, por infinitas razões, coleciona objetos e lhes atribui valor,
seja afetivo, cultural ou simplesmente material, o que justifica a necessidade
de sua preservação ao longo do tempo. “Sabemos da idéia repensada da
instituição museológica atualmente mas este recorte que econtramos nos ajuda a
compreensão de que “pela lógica,esses painéis deveriam substituir museus”.A
substituição poderia ser pensada considerando, portanto esta ideia de museu, do
colecionismo,do valor de afeto, da preservação ao longo do tempo.
Os painéis são uma forma de
manter viva a memória.De res guardar, de preservar situações ,afetos e
lembranças.
Poderíamos propor na linguagem
da arte situações que pudessem resgatar estes “guardados”.Estas coleções são
percebidas também nas redes sociais e mais um motivo para não
ignorá-los.Escritas, relatos,retratos e identidade.A música, os exercícios
cênicos e a leitura de imagens constante .Os momentos de fruição, de deleite e
estesia são essenciais para respeito à identidade e a valorização de cada um.
Na escola temos a reponsabilidade de desenvolver a compreensão estética, de
ensinar sobre a história da arte e seu contexto mas principalmente de ensinar a
olhar.Desenvolver olhar crítico,compreender os signos e símbolos explícitos ou
não.As imagens podem transcender as questões estéticas e promover reflexões
sobre a visão de mundo.

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